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TEORIA ESTRUTURALISTA

A Teoria Estruturalista na Administração: Características, Tipologias e Contribuições Atuais

Esruturalismo é a teoria que se preocupa com o todo e com o relacionamento das partes na constituição do todo.

A totalidade, a interdependência das partes e o fato de que o todo é maior do que a simples soma das partes são suas características básicas.

A Teoria Estruturalista da Administração é uma das correntes que se desenvolveu a partir das críticas às teorias clássicas e humanísticas. Surgida na década de 1950, essa teoria propôs uma visão mais complexa e abrangente das organizações, considerando não apenas sua estrutura interna, mas também sua relação com o ambiente externo. Neste artigo, vamos explorar os principais aspectos dessa teoria, destacando seu autor, características, tipologias, o conceito de homem organizacional e suas contribuições para a administração nos dias de hoje.

De um modo geral, as origens da teoria Estruturalista na administração foram as seguintes:

  1. A oposição surgida entre a Teoria Tradicional e a Teoria das Relações Humanas – incompatíveis entre si – tornou necessária uma posição mais ampla e mais compreensiva, que abrangesse os aspectos que, considerados por uma, eram omitidos pela outra.
  2. A necessidade de se visualizar a “organização como uma unidade social e complexa, onde interagem muitos grupos sociais” que compatilham com alguns dos objetivos da organização, mas que podem incompatibilizar com outros.
  3. A influência do estruturalismo nas ciências sociais e a repercussão destas no estudo das organizações sociais.
  4. Novo conceito de estrutura – estrutura é o conjunto formal de dois ou mais elementos é que subsiste inalterado seja na mudança, seja na diversidade de conteúdos, ou seja, a estrutura se mantém mesmo com a alteração de um dos elementos ou relações.

Com o estruturalismo ocorreu a preocupação exclusiva com as “estruturas”, em prejuízo de outros modos, para se compreender a realidade. Estruturalismo é um método analítico e comparativo que estuda os elementos ou fenômenos com relação a uma totalidade, salientando o seu valor de posição.

Autor: Rensis Likert

Embora o estruturalismo na administração tenha sido influenciado por várias correntes filosóficas e sociológicas, Rensis Likert é um dos autores mais proeminentes nesse campo. Likert desenvolveu estudos importantes sobre o comportamento organizacional, liderando a criação de modelos de gestão que consideravam tanto os aspectos formais quanto informais das organizações. Ele propôs o Modelo de Sistemas de Gestão, que abordava as diferenças nos estilos de liderança e suas implicações para a estrutura das organizações.

Características da Teoria Estruturalista

A Teoria Estruturalista é caracterizada por uma abordagem multifacetada da organização. Em contraste com a teoria clássica, que enfocava exclusivamente a estrutura hierárquica e formal, o estruturalismo propõe que as organizações são sistemas complexos, compostos por:

  1. Interdependência entre o formal e o informal: Além da hierarquia e das regras formais, os estruturalistas consideram as relações informais entre os trabalhadores, como redes de influência, amizade e grupos de pressão.
  2. Conflito e equilíbrio: Diferentemente das teorias anteriores, que viam o conflito como algo a ser evitado, os estruturalistas entendem que o conflito é natural nas organizações. Eles propõem que o papel da administração é equilibrar os interesses diversos, tanto internos (funcionários) quanto externos (clientes, governo, fornecedores).
  3. Organizações abertas: As organizações são vistas como sistemas abertos, em constante interação com o ambiente externo. Dessa forma, a adaptação e a inovação são essenciais para sua sobrevivência e sucesso.
  4. Análise comparativa de organizações: A teoria estruturalista prega a análise comparativa das diferentes formas organizacionais (empresas, governos, ONGs), a fim de identificar padrões e melhores práticas.

Organizações segundo o Estruturalismo

De acordo com a Teoria Estruturalista, as organizações são compostas por estruturas formais e informais que se interrelacionam. Elas não podem ser vistas apenas como um organograma rígido e hierárquico, mas sim como sistemas de relações dinâmicas. Essa teoria sugere que as organizações são:

  • Heterogêneas, compostas por indivíduos com diferentes valores, interesses e funções.
  • Políticas, onde o poder e a autoridade são distribuídos de maneiras nem sempre iguais ou justas.
  • Adaptativas, que precisam responder às mudanças no ambiente externo para sobreviverem e prosperarem.

O Conceito de “Homem Organizacional”

Um dos conceitos-chave da Teoria Estruturalista é o de “homem organizacional”, proposto por William Whyte em 1956. Esse conceito se refere ao indivíduo que adapta seu comportamento às normas e expectativas da organização. O homem organizacional é alguém que valoriza a conformidade, cooperação e a adesão aos padrões estabelecidos pela organização para obter sucesso.

Esses indivíduos tendem a se preocupar com sua carreira dentro da organização e fazem o possível para se adequar ao ambiente, desenvolvendo habilidades interpessoais que lhes permitem funcionar bem dentro de um sistema estruturado. Embora essa perspectiva ofereça uma visão pragmática do trabalhador, também gera reflexões sobre a perda de individualidade e o risco de desumanização dentro das organizações.

Tipologia das Organizações

A Teoria Estruturalista sugere que as organizações podem ser classificadas em diferentes tipos, de acordo com suas características principais. Essas tipologias ajudam a compreender as diferentes formas que as organizações assumem e como elas se relacionam com o ambiente. Algumas tipologias incluem:

  1. Organizações Forma e Informais: As organizações formais são caracterizadas pela estrutura oficial e hierárquica, enquanto as informais são baseadas em relações sociais e de influência.
  2. Organizações Complexas: Referem-se às organizações grandes e multifacetadas, com várias divisões e subunidades que interagem de maneira interdependente.
  3. Organizações Rígidas e Flexíveis: Organizações rígidas possuem estruturas formais muito fixas e difíceis de mudar, enquanto as flexíveis são adaptáveis e ágeis, capazes de se reorganizar conforme necessário.

TIPOLOGIA DE ETZIONI

Boa parte dos autores estruturalistas desenvolveu tipologias de organizações, tentando classificá-las de acordo com certas características distintivas, um destes autores é Etzioni.

Etizioni elabora sua tipologia das organizações, classificando as organizações com base no uso e significado de obediência. Para ele, a estrutura de obediência em uma organização é determinada pelos tipos de controles aplicados aos participantes. assim, a tipologia das organizações, segundo Etizioni, é a seguinte:

a) Organizações coercitivas : o poder é imposto pela força física ou por controles baseados em prêmios ou puniçoes. Utilizam a força – latente ou manifesta – como o significado principal de controle sobre os participantes de nivel inferior. O envolvimento dos participantes tende a ser “alienativo” em relação aos objetivos da organização. As organizações coercitivas incluem exemplos como os campos de concentração, prisões,instituiçoes penais, etc.

b) Organizações utilitárias: poder baseia-se no controle dos incentivos econômicos. Utilizam a renumeração como base principal de controle. Os participantes de nível inferior contribuem para a organização com um envolvimento tipicamente “calculativo”, baseado quase exclusivamente nos benefícios que esperam obter. O comércio e as corporações trabalhistas estão incluídos nesta classificação.

c) Organizações normativas: o poder basea-se em um consenso sobre objetivos e métodos de organização. Utiliza o controle moral como a força principal de inflência sobre os participantes. Os particpantes têm um alto envolvimento “moral” e motivacional. As organizações normativas são também chamadas “voluntárias” e incluem a Igreja, universidades, hospitais e muitas organizações políticas e sociais. Aqui, os menbros tendem a buscar seus próprios objetivos e a expressar seus próprios valores pessoais.

TIPOLOGIA DE BLAU E SCOTT

Blau e Scott apresentam uma tipologia das organizações baseada no beneficiário, ou seja, de quem se beneficia com a organização.

Para blau e Scott, há quatro categorias de participantes que podem se beneficiar com uma organização formal:

a) Os próprios membros da organização;

b) Os proprietários ou dirigentes da orgnização;

c) Os clientes da organização;

d) O público em geral.

A tipologia de Blau e Scott apresenta a vantagem de enfatizar a força de poder e de influência do beneficário sobre as organizações, a ponto de condicionar a sua estrutura.

Contribuições da Teoria Estruturalista nos Dias Atuais

A Teoria Estruturalista oferece várias contribuições valiosas para a administração moderna:

  1. Entendimento da Complexidade Organizacional: O estruturalismo ajudou a promover a ideia de que as organizações são sistemas complexos, compostos por múltiplos elementos que devem ser gerenciados de forma holística. Nos dias atuais, com as organizações enfrentando mercados globais dinâmicos, essa perspectiva é essencial para entender e resolver problemas organizacionais.
  2. Equilíbrio entre o Formal e o Informal: Em um mundo onde as redes de comunicação e colaboração se expandem rapidamente, reconhecer a importância das relações informais é fundamental. As empresas contemporâneas investem em cultura organizacional, climas de trabalho positivos e espaços para a criatividade e a inovação fluírem, reconhecendo o valor da estrutura informal.
  3. Conflitos e Negociação: O entendimento do conflito como algo inerente às organizações é uma contribuição importante. Hoje, a gestão de conflitos é vista como uma habilidade crítica para os líderes, sendo aplicada por meio de técnicas de negociação e mediação.
  4. Visão Sistêmica e Aberta: Em um mundo globalizado e digitalizado, as empresas precisam se ver como sistemas abertos. A necessidade de adaptação, inovação constante e interações dinâmicas com o ambiente externo é uma realidade que a teoria estruturalista antecipou e que se aplica mais do que nunca na atualidade.

Conclusão

A Teoria Estruturalista trouxe uma visão mais ampla e complexa das organizações, reconhecendo que elas são formadas tanto por estruturas formais quanto por relacionamentos informais. Seus conceitos de homem organizacional, conflitos e tipologias continuam sendo relevantes para os estudos de administração, especialmente em um mundo cada vez mais globalizado e digital. Com suas contribuições, os administradores modernos têm ferramentas para lidar com os desafios das organizações complexas de hoje, promovendo um ambiente mais adaptável, cooperativo e eficiente.

Referências Bibliográficas: Mª Neide Silva – Teoria Geral da Administração 1 – Universidade Unieuro – Brasília DF – 2013

 Chiavenato, Idalberto – Introdução a Teoria Geral da Administração – Editora: Manole, 9ª edição, 2015

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